"E haver quem deplore a vida como breve, quando nela cabem destas imensidades! Grande ingratidão! Profundíssimo desconhecimento!
«Delícias são, mas delícias que passam!», vocifera um incontentado. Oh, que não passam! Quando se cuidam idas, no-las vem restituir a saudade. As próprias lágrimas, com que então as acolhemos, no-las reverdecem; outra vez as gozamos, porventura mais formosas que no seu primeiro ser; e mais formosas e mais queridas sempre, de aparição em reaparição. Negue-o quem quiser; não se lhe inveja a filosofia. Eu por mim sei que tudo isto é muito verdade."
António Feliciano de Castilho, A Chave do Enigma, Lisboa: Empreza da História de Portugal, 1903, p. 92.
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