"Atravessei, aspergida de luz, o braço de mar
que divide tudo o que existe. De um lado, eu,
do outro, o fim da terra. De onda em onda me fiz
tão pouco e depurada ancorei nas travessas cruas
desse extremo insular.
Conheci nesse dia a respiração ofegante das árvores.
E lágrimas de flor.
O choro do vento sacrificado a derramar-se,
avulso, lembrou-me a agonia de uma borboleta.
Sei que não há pássaros verdes no fim do mundo.
Mas nunca um lugar foi tanto céu."
Virgínia do Carmo, A menina que aprendeu a matar centopeias e outros poemas, Lisboa: Poética Edições, 2023, p. 52.
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