"Calou-se. Quase imóvel.
- Olha antes para ali, para a piroga - prosseguiu, apontando-me através do vidro da janelinha, que os nossos bafos começavam a embaciar, uma silhueta longa e esquelética, encostada à parede oposta à da estante dos frutos exóticos. - Olha para ali e admira com quanta honestidade e coragem moral o barco soube tirar da sua perda total de funções todas as consequências que devia. Também as coisas morrem, meu caro. E então, se também elas têm de morrer, paciência, o melhor é deixá-las. E sobretudo tem muito mais estilo, não te parece?"
Giorgio Bassani, O Jardim dos Finzi-Contini, trad. Egito Gonçalves, Lisboa: Quetzal, 2010, p. 129.
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