Friday, November 3, 2023

VOZ

 


"Voz de vivo que fala com os mortos - a minha voz era sombria e soturna. Minhas mãos, primeiro erguidas sobre a fronte, e cingidas ao peito, depois, interpretavam a agonia despedaçadora, que me repassava as fibras do coração. A minha vida já não era um exclusivo do céu; era sentimento puro, que nasce em terra impura, e que mal posso dizer-vos, se na região da bem aventurança é pungente e doloroso como cá neste contínuo esperar e desesperar..."


Camilo Castelo Branco, Delitos de Mocidade, 4.ª ed., Lisboa: Parceria António Maria Pereira, 1934, p. 148. 

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