"Cada insensível rotação do mundo tem destes deserdados
a quem não pertence nem o que foi, nem o que há-de seguir-se.
Pois o que há-de seguir-se é longínquo para os homens. A nós isto
não nos deve perturbar; antes nos dê a força de guardar
a forma ainda reconhecível. Isto que outrora estava entre os homens,
no seio do destino, esse destruidor, estava
no não-saber-para-onde-ir, como ser sendo, e vergava para si
as estrelas dos céus firmes. Ó Anjo,
a ti o mostro ainda, ali! no teu olhar,
fique por fim a salvo, finalmente erguido, agora.
Colunas, pilones, a Esfinge, esse erguer-se em anelo,
na soturna cor de cidades em estertor ou de estranhas cidades, da catedral."
Rainer Maria Rilke, As Elegias de Duíno, VII, 3.ª ed., trad. Maria Teresa Dias Furtado, Lisboa: Assírio & Alvim, 2020, p. 93.
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