"os felizes dissociam-se de ausências ritmadas, rupturas, e afirmam que a descrença veicula o frio vindo das profundezas desconhecidas; contudo, o esquecimento significa perda, a tangibilidade de sistemas apaziguadores arquivados e longínquos; a doçura, em seu toque lânguido, recorda a mentira, na carência.
Barcos ébrios navegam no silêncio, cortando lagos imóveis, em migração serena: os salgueiros escondem vozes. Assim se imagina a paragem do tempo, a angústia da cegueira, a crónica de um amor sem data escondido nas pregas do esquecimento que a si mesmo se apaga."
William Beckford, História do Califa Vathek, trad. Mário Cláudio, Porto: Afrontamento, 1982, p. 21.
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