"Sou como um mar que desvia as suas águas para dar espaço a Deus. O imperialismo divino pressupõe o refluxo do homem.
Oprimido pela solidão da matéria, Ele chorou os oceanos e os mares. Daí o misterioso apelo das extensões marinhas e a tentação de uma imersão definitiva, como desvio para Ele...
Aquele cuja emoção em torno dos céus e dos mares não chegou às lágrimas não frequentou as regiões conturbadas da divindade, onde a solidão é tal que exige uma outra ainda maior."
Emil Cioran, Lágrimas e Santos, trad. Cristina Fernandes. Lisboa: Edições 70, 2022, p. 49.
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