"Nós vimos ao mundo com um alforge de perguntas. As coisas entram-nos pelos olhos, pela boca, pelas orelhas, e queremos aprender o seu nome e significado. Mas nem sempre o conseguimos. Os maiores cansam-se e mandam-nos calar, ou afastam-nos, com alguma astúcia, do que teimamos saber. Calamo-nos. Porque é perigoso uma pessoa não se calar a tempo. E, qualquer dia, em qualquer lugar, fazemos a pergunta a uma pessoa qualquer. O que deviam dizer-nos os nossos pais diz-nos um estranho. Um estranho que talvez nos guie em mal. E irá levedando a nossa vida com um fermento de fora, emprestado."
Xosé Neira Vilas, Memórias de um pequeno camponês, Forja, 1977, p. 56.
No comments:
Post a Comment