"Klara trazia um vestido branco como a neve, as mangas largas pendiam pesadamente dos braços bonitos e das mãos. Tinha tirado o chapéu e soltado o cabelo com um gesto bonito e espontâneo da mão. A boca dela sorria para a boca do homem mais acima. Ela não sabia o que dizer e também não queria dizer nada. «Como é bonita a água, parece um céu», disse ela. A sua fronte era serena como o lago, como as margens e o céu sem nuvens que a rodeavam. O azul do céu era riscado por linhas brancas reluzentes e perfumadas. O branco turvava um pouco o azul, refinava-o, tornava-o mais nostálgico e oscilante e suave. O sol brilhava em parte velado, como o sol que brilha nos sonhos."
Robert Walser, Os Irmãos Tanner, trad. Isabel Castro Silva, Lisboa: Relógio D'Água, 2009, p. 41.
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