"Faço descobertas que levam ao silêncio:
o esculpir das folhas, o burilar dos ramos,
o canto do canteiro que lavra as cantarias.
Basta abrir rosáceas para que as pedras fiquem vivas
e o tempo abrase um pouco o espírito nos veios,
o gesto nas matérias. Quando a mão se petrifica
alcança a maior arte, a arte do cantor
que se decanta. Talhar então as rosas
nessa textura branca, lavrar então os frisos
na petrificação: e fica-se a brilhar
da transparência encastoada - palavra
na palavra, a obra à mão, a face na portada."
Carlos Poças Falcão, "Movimento e Repouso", in Arte Nenhuma, Língua Morta/Livraria Snob, 2020, p. 230.
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