"Comungo luz ao sol-poente em frisos de oiro...
Todo o meu Ser regressa a mim para voar...
Abranjo-me de mim. Rezo-me em sombra, a arfar
No meu olhar teu riso enferma em rosas de oiro.
Nos meus braços em cruz, perdido de ânsia expiro...
E quem encerrará meus olhos fitos de longe?
E a minha alma divagará em monge
Na voz doce, febril, das fontes que deliro...
Desce por mim a Tarde. Enluto o teu olhar.
Tudo perdi. Sou claustro. Ardo em meu Ser a orar...
E o meu olhar abraça um horizonte em calma...
Tarde! Roxa presença. Enroxecendo ensombra...
Virgem do meu Sonhar, freira dos véus de sombra,
Velhinha que teceu a ideia da minha Alma!"
Alfredo Guisado, Tempo de Orfeu, Coimbra: Angelus Novus, 2003. p. 147.
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