"A imagem desapareceu, mas ele preservou-a na memória. Estava acessível ali, na escuridão. Podia evocá-la e segurá-la com as mãos desastradas. Podia segurá-la com os olhos completamente abertos para a escuridão, tirá-la da obscuridade. Podia, com ela, afastar a escuridão, levar para longe aquela obscuridade que ainda restava junto de si, que permanecia à sua volta enquanto aguardava. Ele agarrou a imagem, segurou-a, e ela lá ficou, no seu espírito, como um odor, uma fragrância de uma certa planta que crescia num ar elevado e puro e que perdia o orvalho nocturno sob o sol matinal de Friuli."
Eyvind Johnson, O Tempo de Sua Graça, trad. João Reis, Lisboa: Cavalo de Ferro, 2015, p. 417.
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