"Perífanes (intrigado) - Como pode ser isso? Vestida com implúvio?
(O escravo assume a donosa atitude de um Catão Censor.)
Epídico - Porquê?... Será assim uma coisa tão de embasbacar?... Como se muitas, nas ruas, se não pavoneassem enfeitadas de quintas inteiras!... Mas na hora do tributo... quando recebem a intimação, dizem que se não pode pagar. E a elas - a quem se paga o tributo maior - é que se tem de poder pagar.
(Os dois senadores aprovam com acenos mesurados de cabeça. Epídico, intumescido, arrança para uma sátira de aparato.)
E que dizer dessas fulanas que inventam todos os anos nomes novos para os vestidos?... Túnica rala, túnica encorpada, aventalinho de recorte, a camiseta, a doureta, o girassolinho ou o açafrãozinho, a sobrepouca ou a sobremuita, o xailote, a realina ou a peregrina, a azul-mar ou a pluma-no-ar, a nogueirosa ou a malucosa... Maluqueiras de arrelampar!... Até a um cão foram tirar o nome."
Plauto, Epídico, II, 1: 225-233, trad. Walter de Medeiros, Lisboa: Edições 70, 1999, pp. 76-77.
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