"Divagar é um privilégio: a possibilidade do jogo das associações sem lei - a disjunção, o vagar, o vaguear, o contínuo, a lentidão, o vazio, a onda, o discorrer sem centro, aceitação do que vem aleatoriamente e no entanto não é simplesmente espontâneo. O espontâneo brota: quando se ajusta a uma finalidade, é a perfeição, o pleno, que nada tem de divagação, sendo, pelo contrário, a formação da obra como arquitectura sólida; quando não se ajusta, interrompe, fragmenta, retira velocidade ao cálculo, faz repetir, diferenciar, flutuar."
Silvina Rodrigues Lopes, "Divagações (sobre a arte, a poesia, a memória, a política", in Poesia e Arte, a Arte da Poesia - Homenagem a Manuel Gusmão, org. Helena Carvalhão Buescu e Kelly Basílio, Lisboa: Editorial Caminho, 2008, p. 207.
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