"Havia dias em que eles tinham a impressão de terem conseguido dominar aquela imensa massa poética, de a terem abarcado até aos seus limites mais remotos, mas depois logo se apercebiam de que isso não passava de ilusão. No dia seguinte, os contornos da epopeia esfumavam-se, oscilavam, desvaneciam-se outra vez; dos confins, o fenómeno propagava-se às outras partes do conjunto, até ao seu cerne. Parecia-lhes, então, que era impossível de dominar. Era pretender controlar um caos onde acontecimentos, personagens e calamidades se manifestavam sob formas tão movediças de mobiliade quanto as de um pesadelo."
Ismail Kadaré, O Dossier H, trad. Carmen de Carvalho (segundo a versão francesa), Lisboa: Difusão Cultural, 1991, p. 127.
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