"Quando o sol da vida se me vai tornando cada vez mais oblíquo e frio, ainda sonho com aventuras, surpresas e emoções no mundo encantados dos cancioneiros manuscritos. Sonho com o fólio do cancioneiro que confirmasse a autoria camoniana do soneto O dia em que eu nasci moura e pereça, para sossego meu e para gozo de Vasco Graça Moura; sonho com o manuscrito que transcrevesse as duas oitavas eróticas roubadas pela censura à chamada écloga dos faunos; sono com o cancioneiro que me resolvesse dúvidas antigas sobre alguns sonetos em castelhano que figuram nas Rimas; sonho com o Parnaso, o Graal de todos os camonistas, escondido algures na Andaluzia - Sevilha, Antequera, Granada... -, que foi terra, desde finais do século XVI, de apaixonados leitores e admiradores de Camões!
Se para tão longo estudo não fora tão curta a vida..."
Vítor Aguiar e Silva, A Lira Dourada e a Tuba Canora: Novos Ensaios Camonianos, Lisboa: Livros Cotovia, 2008, p. 22.
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