"Quando uma porta se fecha, volta-lhe as costas - implacável, irredutível. À tua frente, dez portas entreabertas: frinchas e gelosias, deixando passar a claridade em suas cambiantes, promessas, tentações.
Carrega os teus olhos com toda a força do teu Ser. Com a tua verdade inconteste, afronta o Sol e seus astros menores: o erro, a hipocrisia, o amor, a delicadeza e a paixão serão os mesmos - com outros rostos.
Quando uma porta se fecha, volta-lhe as costas - não é outro o secreto mistério dos pássaros, a despudorada leveza: imperturbável, feliz e cantante."
Zetho Cunha Gonçalves, Noite Vertical. Poemas reunidos (1979-2021), Lisboa: Maldoror, 2021, p. 173.
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