" - Não te rales - dizia ao seu triste amigo. - Encaremos a desgraça de peito aberto, e não dês a isto o valor de um acto extraordinariamente meritório. Nestes tempos putrefactos, estima-se como virtude o que não é senão dever dos mais elementares. O que se tem, tem-se, não te esqueças, enquanto outro não necessitar. Esta é a lei das relações entre os humanos, e tudo o resto é fruto do egoísmo e da metalização dos costumes. O dinheiro só deixa de ser vil quando é oferecido a quem tem a desgraça de necessitar dele. Eu não tenho filhos. Toma o que possuo; que não há-de faltar-nos um naco de pão."
Benito Pérez Galdós, Tristana, trad. Pedro Ventura, Lisboa: Guerra e Paz, 2024, p. 25.
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