"Tudo isto passou-se naquele tempo, que éramos bárbaros, e os caminhos-de-ferro, incompatíveis com a nossa selvajaria, estavam ainda no catálogo das utopias. Isto agora é outra coisa. Daqui em diante até o romance nacional há de ter mais vida, mais lances, mais animação. O autor andará com ele de terra em terra, graças à facilidade do transporte, respigando aqui e além cenas palpitantes da vida do próximo e da próxima. A cor local ser-lhe-á mais barata e mais correta. O leitor terá propício azo de saber como se vive a dez léguas da sua casa, e fará então inteira justiça aos beneméritos filhos da pátria, que, primeiros, desceram das regiões da quimera, para nos favorecerem com a viabilidade pública, manancial de todas as riquezas e elemento indispensável para a extração dos cereais e dos romances."
Camilo Castelo Branco, Onde está a felicidade?, Porto: Book Cover Editora, 2020, p. 232.
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