" E como devolver à minha vida a luz
da manhã, as lágrimas nocturnas,
o assombro do mar, os silêncios do melro,
o tempo de uma tarde inacabável?
E como devolver suas diferenças
à dor e à ventura,
e ser ambas amadas de igual modo,
pois ambas completam o sabor aceso da vida?
Quando a idade é já desventurada
e o dia é uma pétala,
e já mal restam rosas,
não é possível recuperar o mundo.
Acolhe-te a uns olhos, jovens só,
e com eles descobre o mundo que perdeste.
E que depois te olhem para ser deste mundo."
Francisco Brines, Ensaio de Uma Despedida - Antologia, trad. José Bento, Lisboa: Assírio & Alvim, 1987, p. 161.
No comments:
Post a Comment