"Apesar de tudo amo a minha época porque é a época em que falta tudo e, exactamente por isso, talvez seja o verdadeiro tempo do conto de fadas. E é claro que não entendo com isto a era dos tapetes voadores e dos espelhos mágicos, que o homem destruiu para sempre no acto de fabricá-los, mas sim a época da beleza em fuga, da graça e do mistério prestes a desaparecer, como as aparições e os sinais arcanos do conto de fadas: tudo aquilo a que certos homens nunca renunciam, que quanto mais os apaixona mais parece perdido e esquecido. Tudo o que se vai procurar bem longe, mesmo com risco de vida, como a rosa de Belinda em pleno Inverno. Tudo o que sempre se oculta sob peles cada vez mais impenetráveis, no fundo de cada vez mais horrendos labirintos."
Cristina Campo, Os Imperdoáveis, trad. José Colaço Barreiros, Lisboa: Assírio & Alvim, 2005, pp. 158-159.
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