"O Martin disse:
- Quem é esse Tityre?
Respondi:
- Sou eu.
- Então, às vezes sorris! - acrescentou.
- Espera lá, caro amigo, porque vou explicar-te... (deixemo-nos, pelo menos uma vez, ir na onda!...). O Tityre sou eu e não sou eu; o Tityre é o imbecil; sou eu, és tu - somos nós todos... Mas não te rias assim... irritas-me... Dou ao imbecil o sentido de impotente; nem sempre ele se lembra da sua miséria; é o que eu ainda agora te dizia. Temos os nossos instantes de esquecimento; mas compreende que isso só é um pensamento poético..."
André Gide, Paludes (Sotia), trad. Aníbal Fernandes, Lisboa: Sistema Solar, 2021, p. 62.
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