"Escutou o que dizia:
- Da minha janela via o caramanchão das videiras e, no Inverno, também via a rede de dormir - mas no Inverno só havia a rede para ver. É por isso que sabemos que a Natureza é fêmea, por causa dessa conspiração entre carne feminina e estação feminina. Todas as primaveras observava o reafirmar da antiga agitação, a promessa verde e enroscada de inquietude. Quero dizer, as flores das uvas. Não são grande coisa: um sangrar rebelde e semelhante a cera, mais folha do que flor, que ocultava gradualmente a rede, até que, em fins de Maio, no crepúsculo, a voz dela - de Little Belle - se confundia com o murmúrio das vinhas bravas."
William Faulkner, Santuário, trad. Fernanda Pinto Rodrigues, Lisboa: Editorial Minerva, 1973, p. 12.
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