"O teu acordar é antigo e sempre igual.
A mesma janela ao fundo - abertura
imperfeita para o medo, uma selha
de sonhos secos sobre a mesa,
um chão frio onde é sempre Novembro.
Crês que tudo é pior um dia depois,
cada noite um golpe na luz que foste.
Envelheces do lado de dentro, tens
uma idade para além dos anos.
O teu acordar é antigo, sempre igual
e incompleto."
Virgínia do Carmo, A menina que aprendeu a matar centopeias e outros poemas, Lisboa: Poética Edições, 2023, p. 46.
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