Wednesday, April 19, 2023

VIAGEM

 




"Xavier detestava todos os versos. Mas agora relembrava alguns, ao mesmo tempo que recordava a voz querida de quem os dizia. Era preciso repeti-los sem omissões, para poder achar as inflexões ou o timbre surdo e monótono da voz do irmão. Por isso, nesta mesma noite, junto duma janela aberta ao lado da ribeira invisível, tal como podia ter encontrado uma nota ou um acorde, Xavier ia recitando versos em tons diferentes:
                                                    «Calma natureza, como tu sabes esquecer!»"


François Mauriac, O Mistério dos Frontenac, trad. Luís Forjaz Trigueiros, Lisboa: Editorial Verbo, 1971, p. 26.

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