"Perdoai-me, Senhor, se vos faltara
Pôr meus olhos em Vós crucificado,
O menos que de muito tenho errado,
Noutros erros maiores me lançara.
Triste quanto perdi, e quanto achara
Ainda assim de culpas carregado,
Se por onde Vós tendes caminhado
Guia desta alma minha caminhara.
Culpado fui primeiro que nascido;
Enjeitei a razão pela vontade;
Amiga do meu mal, do bem imiga.
Meus Deus por mim à Cruz oferecido,
Alembrai-vos da vossa piedade
Tão larga em perdoar, e tão antiga."
Frei Agostinho da Cruz, Poesia Selecta, ed. José Cândido de Oliveira Martins, Vila Nova de Famalicão: Edições Húmus, 2021, p. 50.
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