"Esta vida de cão espancado tornava más as melhores; e o triste desfile começava: todas devoradas pelo ofício antes dos quarenta anos, desaparecendo, caindo no desconhecido, muitas simplesmente mortas, tisicas ou anémicas, de fadiga e mau ar, algumas lançadas para a prostituição, as mais felizes casadas, enterradas no fundo de uma lojinha de província. Era humano, era justo, esse consumo terrível de carne que os grandes armazéns faziam todos os anos? E ela pleiteava a causa das engrenagens da máquina, não por razões sentimentais, mas com argumentos tirados do próprio interesse dos patrões. Quando se quer uma máquina sólida, emprega-se bom ferro; se o ferro se parte ou se o partem, há uma paragem de trabalho, despesas repetidas de arranque, todo um desperdício de força."
Émile Zola, O Paraíso das Damas, trad. Daniel Augusto Gonçalves, Porto: Civilização, 2013, p. 334.
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