"O nosso silêncio torna-se escuta que acolhe, que procura compreender e apreender cada criação que, no fundo, tem plasmado cada artista e cada um de nós. Por outro lado, é da atenção dada ao silêncio, a toda a sua profundidade e intimidade que o artista cria as suas obras, isto sobretudo nas artes silenciosas. Se o silêncio não habitasse a arte, nada se revelaria, uma vez que é do silêncio que todo o pensar e agir se origina. O verdadeiro silêncio, o silêncio que diz o ser dos seres falantes que somos, plasma e profundidade duma existência, duma realidade poética e não uma superficialidade globalizada, caso contrário, não seria silêncio mas simples mutismo. Olhar a vida a partir do silêncio é procurar a profundidade e a sacralidade da existência humana, é acolher verdadeiramente a realidade, o mundo, as coisas, os outros em si mesmo, é viver com tudo o que nos faz humanos."
Rafael Gonçalves, Mistagogia poética do silêncio na liturgia- Práticas silenciárias, Fátima: Secretariado Nacional de Liturgia, 2022, pp. 134-135.
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