"Se tocares no inumano para ele ressoar
fazendo-lhe a pergunta
não te deixes seduzir pelo canto que ele emite
pois todo desafina e a sua voz não é de paz
as circunvoluções são o esconderijo grato
dos que o coração expulsa
ir do coração ao cérebro parece uma subida
mas é um descentramento
quando hordas de ideias de gog e de magog
devastam os caminhos para devassar o centro
encontram só a cerne de um coração sangrento
entretanto a inteligência é um país harmonioso
e cheio de coragem
aí nenhuma voz espera pelo fruto - mas ele sempre vem
bastava um grão de pó para haver um universo
e o coração sagrado no peito soberano
pede o canto aos homens e aos pássaros o voo."
Carlos Poças Falcão, A Nuvem, Guimarães: Pedra Formosa, 2000, p. 73.
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