"Do Lima, donde vim já despedido,
Cavar cá nesta serra a sepultura,
Não sinto que louvor possa a brandura,
Sem me sentir turbar do meu sentido.
A lã de que me vem andar vestido,
Torcendo em várias partes a costura,
Os pés que nus se dão à pedra dura,
Nem me deixam ouvir, nem ser ouvido.
O povo cujo aplauso recebeste,
Vendo teu brando Lima dedicado
A príncipe real, claro, excelente,
Louvará muito mais quando escreveste.
De mim, meu caro irmão, menos louvado,
Louva comigo a Deos eternamente."
Frei Agostinho da Cruz, Sonetos e Elegias, ed. António Gil Rafael, Lisboa: Hiena Editora, 1994, p. 151.
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