"Silencioso, último, sem préstimo, obscuro
assim anda entre nós. Atravessa as ruas
vai no movimento, o mundo é tão brilhante
que na verdade cega. Assim recolhe as provas
acerca de não vermos. Buscamos só imagens
que desprendam mais imagens, leques de escondermos
a nossa própria face - e assim anda entre nós
guardando o que perdemos, o que recusamos.
Passa entre ruídos, pára em velocidades
confirma a inversão das luzes e dos séculos.
Silencioso, último, sem préstimo, obscuro
aí vem, com seu sorriso, a face arcaica: o Deus."
Carlos Poças Falcão, A Nuvem, Guimarães: Pedra Formosa, 2000, p. 59.
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