"Por fim, esta ideia do Tempo tinha para mim um derradeiro valor, era um aguilhão, dizia-me que era tempo de começar se é que queria alcançar o que por vezes sentira no decurso da minha vida, em breves relâmpagos, do lado de Guermantes ou nos meus passeios de carruagem com a senhora de Villeparisis, e que me fizera considerar a vida digna de ser vivida. Quanto mais digna de ser vivida me parecia agora, afora que achava que ela, antes vista no meio das trevas, podia ser iluminada, podia ser reconduzida à sua verdade depois de ser constantemente falseada, podia ser enfim realizada num livro!"
Marcel Proust, À Procura do Tempo Perdido - O Tempo Reencontrado, trad. Pedro Tamen, Lisboa: Círculo de Leitores, 2005, p. 361.
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