LOUVA-A-DEUS
"Tantos dias curvados sobre sim
como se fossem louva-a-deus,
sôfregos devoradores de torsos e antenas.
Dias informativos, cultos,
alusivos, revoltados, cúmplices.
Fecho as páginas do jornal.
Volto aos livros de horas,
trinco o pão.
Dar liberdade extrema a todos
os que aqui chegam.
Tirar-lhes os sapatos e as carteiras.
Apagar os nomes de família.
Despedir-me eu também.
Escolher andar pelas veredas
- as mais inesperadas."
Elisabete Marques, Estranhos em Casa, Lisboa: Língua Morta, 2022, p. 41.
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