“O paraíso é dos anjos e animais
articulemos nós só a palavra vida
Com a frágil felicidade sempre ameaçada
tristão despede-se da sua loura amiga
e extrai o seu prazer do esquecimento
Pesa-lhe na cabeça um pensamento
aves do bosque sede ao seu serviço
E tristão busca isolda com
a cruz no crânio dos loucos de outrora
Quando o sol se levanta traz a claridade
deixai-os ir ao fundo da loucura no
país afortunado dos viventes
Mas nunca mais na vida a voltaria a ver
Cólera de mulher é coisa de temer
e a mulher de tristão fá-lo morrer
antes que chegue o navio de isolda
Sem a alteridade não há unidade
A poesia pode muito para mim
pois vem iluminar os meus fantasmas
Quando uma sociedade se corrompe
corrompe-se primeiro a linguagem”
Ruy Belo, "Despeço-me da Terra da Alegria", in Antologia Poética, Lisboa: Círculo de Leitores, 1999, p. 218.
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