“A bárbara inocência,
os olhos indecisos e as mãos,
o horror de vaguear sem um delito.
E batia-se no peito, dizia para si próprio,
suspiro por outra coisa, que eu queria,
enquanto Deus, no vento, respirava.
Inventou-o uma manhã
(consistiu nisto o privilégio)
E farejou o seu terror, os seus crimes, o seu sonho.
Então conheceu a alegria de não ser inocente.
E apiedou-se de Deus
e alojou-se nas suas úlceras sem céu.”
Héctor Rojas Herazo, in Um País que Sonha – cem anos de poesia colombiana (1865-1965), selec. Lauren Mendinueta, trad. Nuno Júdice, Lisboa: Assírio & Alvim, 2012, p. 109.
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