Tuesday, August 24, 2021

BARTOLOMEU

 




“O meu nome? Eu tenho muitos: canção, loucura, anelo.
A minha acção? Vi uma ave fender a tarde, fender o céu…
Procurei o seu rasto e sorri chorando,
e o tempo meus ímpetos foi domando.

A síntese? Não se soube: um dia fecundarei a leira
onde me irão semear. Dom Ninguém. Um homem. Um louco. Nada.

Uma sombra inquietante e passageira.
Um ódio. Um grito. Nada. Nada.
Ó desprezo, ó rancor, ó fúria, ó raiva!
A vida está de sóis diademada…”


Porfirio Barba Jacob, in Um País que Sonha – cem anos de poesia colombiana (1865-1965), selec. Lauren Mendinueta, trad. Nuno Júdice, Lisboa: Assírio & Alvim, 2012, p. 47. 



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