“«Os mortos querem lá saber de pormenores», atalhou o rapaz.
O velho agarrou-o pela frente das jardineiras, caçou-o de encontro à lateral do caixão e olhou irado para o rosto pálido do rapaz. «O mundo foi feito para os mortos. Pensa em quantos mortos há aqui», disse-lhe ele, e depois, como se tivesse concebido a resposta, para toda a insolência que há na Terra, acrescentou: «O número de mortos excede o dos vivos em milhões, e os mortos estão mortos milhões de anos mais do que vivem os vivos», e largou-o com uma gargalhada.”
Flannery O’Connor, O Céu É dos Violentos, trad. Luís Coimbra, Lisboa: Relógio D’Água, 2014, p. 22.
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