"Rumo à ilha, ao lado dos mortos,
unidos a uma única árvore, vinda da floresta,
os braços sobrevoados pelos abutres do céu,
as almas com os anéis de Saturno:
assim remam os desconhecidos e livres,
os mestres do gelo e da pedra:
rodeados pelo soar das bóias que se afundam,
rodeados pelo latir do mar azul-tubarão.
Eles remam, eles remam, eles remam -:
Precedendo os mortos, os nadadores!
Rodeado pelas grades das nassas!
E amanhã evapora-se o nosso mar!"
Paul Celan, "De Limiar em Limiar", in Os Poemas, trad. Maria Teresa Dias Furtado, Lisboa: Assírio & Alvim, 2022, p. 138.
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